segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Tempos de Censura

Lembro-me quando criança de poder ir tranquilamente a escola, e lá com liberdade controlada poder brincar e aprender muito, pois existiam excelentes professores. Lembro-me de precisar fazer um teste, igual a um vestibular, para poder garantir uma vaga no único colégio público que oferecia o científico, segundo grau ou hoje ensino médio, o Pedro II de Blumenau. Lembro-me de que antes do amanhecer do dia já esperava pelo ônibus que ia me levar para o colégio. Lembro-me do período de ditadura militar a que fomos submetidos. Não me lembro de presenciar tantos fatos de corrupção e enriquecimento ilícito como vejo hoje.

Através de uma censura imposta pelos tribunais, com condenações de veículos de comunicação, por denunciarem falcatruas e roubos do erário público, e pela ineficiência do Ministério Público, políticos e empresários corruptos dominam todas os setores da economia, e deixam-nos vivendo como escravos, sobrevivendo com migalhas enquanto estes gastam fortunas retiradas do povo de forma pouco convencionais.

O Congresso Nacional, as Assembléias dos Estados, as Câmaras de Vereadores e os Executivos Federais, Estaduais e Municipais, modificam leis e as executam da forma que melhor convier para si ou para os seus.

O povo? O povo submisso aguardando, quem sabe o bolsa carro, espera um milagre. Espera, mesmo votando em corruptos, que estes se regenerem e não desviem mais; que façam um grande governo; que o representem com honestidade.

Santa ignorância.

O povo precisa urgentemente mudar de comportamento, enquanto ainda é informado dos fatos cotidianos de corrupção e mal uso do dinheiro público. Pois em muito breve, na velocidade que andam as coisas, o povo não mais terá acesso a estas informações, e passará a votar no escuro novamente. De nada adianta a urna ter todo o controle se os candidatos tem a ficha mais suja do que pau-de-galinheiro. Mais de um milhão de assinaturas foram entregues para que os fichas sujas não pudessem ser candidatos, mas quem decide são os fichas sujas.

A imprensa está de mãos atadas. Se divulga fatos reais é condenada como foi a editora Abril. Uma desembargadora do Rio de Janeiro admitiu que os fatos publicados pela revista contra o ex-presidente Collor eram verdadeiros, mas que se ele conseguiu absolvição na justiça ninguém pode mais falar.

“Se a notícia ou reportagem imputa crime a quem foi absolvido e deseja reconstruir sua vida, superando episódio nefasto, é de se reconhecer a dor moral”.

Mas estes corruptos devolveram o que roubaram aos cofres públicos?

O ex-juiz Lalau devolveu? Os que roubaram a previdência devolveram?

Não.

E ainda teremos de ficar calados...

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Ailton Carlos Coelho
nascido em 21 de agosto de 1959
na cidade de Apiúna - SC,
Graduado em
Publicidade & Propaganda,
Pós-graduado em
Gestão e Planejamento
de Eventos Turísticos,
e editor dos Jornais JCN e Parole.

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